Em
seu caderno de cultura e ideias do final de semana, o jornal Le Monde dedica
duas páginas ao racismo no Brasil. "O país apresenta a imagem, enganadora,
de uma sociedade tão mestiça que a cor da pele não conta. A ponto de se
esquecer de que foi a nação mais escravagista da América. Mas as discriminações
contra os negros - escola, universidade, trabalho - são tamanha hoje em dia que
o país adotou cotas", escreve o correspondente do jornal no Rio de Janeiro,
Nicolas Bourcier.
O texto lembra que os trabalhos
arqueológicos no local onde se encontrava o cais do Valongo, ponto de chegada
dos escravos na virada do século 19, coloca em evidência a amplidão do comércio
negreiro no Brasil: do século 16 ao século 19, mais de 4 milhões de
escravos desembarcaram no país, dez vezes mais que a quantidade enviada aos
Estados Unidos.
O jornal cita Joaquim Barbosa, o primeiro
juiz negro nomeado para o Supremo Tribunal Federal. O magistrado diz que "o racismo no Brasil é mascarado, sutil,
expresso de maneira velada, subestimado pela mídia. Mesmo assim é extremamente
violento".
O jornalista de Le Monde explica que o
Brasil tentou durante anos apagar o seu passado escravagista. Da estratégia do
governo de clarear a população graças à imigração maciça de trabalhadores
europeus ao mito da democracia racial, o texto reconstitui várias
fases da questão racial na sociedade brasileira.
O
texto conclui dizendo que agora a mentalidade dos brasileiros está mudando. Um
símbolo forte disso foi o debate sobre a discriminação positiva e a adoção do
sistema de cotas para negros na universidade pública.
FONTE: AFROKUT
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