A qualidade das Escolas de Referências do Ensino Médio de Pernambuco foi questionada em pesquisa desenvolvida por uma estudante de mestrado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). De acordo com Edima Verônica de Morais, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Contemporânea (PPGEDUC) do campus Agreste, há uma manipulação do que é conhecido por instituições de referência no estado.
Intitulada
“As utilizações das escolas de referência em Ensino Médio: uma análise
do Programa de Educação Integral de Pernambuco” e orientada pelo
professor Jamerson Antônio de Almeida da Silva, a pesquisa possui como
tema central a formação da juventude através dessa metodologia
educacional, procurando compreender as utilizações das Erems por parte
do Governo do Estado de Pernambuco. O PEI foi lançado pelo Governo do
Estado de Pernambuco em 2008, criando as Erems, cujo objetivo é
“fortalecer a educação integral no estado”. Segundo Edima, essas escolas
cumprem o papel de passar a promessa de integração do jovem ao mercado
de trabalho.
No entanto, descobriu-se que, na
verdade, as escolas passam por uma relação de manipulação do tempo e
espaço. Muitas delas não possuem uma infraestrutura adequada com os
padrões estabelecidos pela Unidade Técnica de Cooperação do PEI, visto
que muitas escolas da rede passam a ser classificadas como de
referência, porém continuam com o mesmo espaço. Em relação ao tempo, o
que existe é a classificação de mais instituições semi-integrais como
escolas de referência do que integrais. “Isso acaba criando uma ideia de
aumento na quantidade dessas escolas sem, contudo, haver melhorias na
qualidade de ensino”, afirmou Edima.
Outra
abordagem está relacionada à formação oferecida aos estudantes dessas
escolas. Conforme a pesquisadora, o que existe é uma forma de legitimar e
definir a distribuição de poder, baseada na Pedagogia das Competências e
que inclui as exigências do mundo empresarial. No âmbito político,
essas escolas participam através da bonificação e gratificação que são
oferecidas quando atingem metas estabelecidas por pacto firmado entre
essas instituições e a Secretaria de Educação. ”Essa utilização vai no
sentido de desmobilizar e enfraquecer a organização dos professores”,
finalizou Edima.
Durante a realização do
trabalho, Edima encontrou dados alarmantes sobre a educação brasileira.O
Censo Escolar do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep) / Ministério da Educação (MEC) de 2011 aponta
que apenas 1,2% dos estudantesdas escolas federais e estaduais possuem
padrões de qualidade internacional. Já a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (Pnad) de 2011destaca que o Ensino Médio ainda é negado no
Brasil, visto que cerca de 18 milhões de jovens entre 15 e 24 anos
estão fora da escola.
Fonte: Universidade Federal de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário