4 de abr. de 2012

O lugar do índio na História do Brasil



            A “velha” historiografia brasileira reservou a temática indígena para o período chamado Colonial, quando foram estabelecidos os primeiros contatos com os povos nativos apelidados de índios. Sem compreensão e respeito as suas diversidades e expressões socioculturais, os europeus instalaram o processo de catequização e exploração da mão-de-obra indígena. A História relata as várias posições dos portugueses quanto aos índios na criação dos aldeamentos, na declaração de guerra justa contra os “bárbaros dos sertões”, na extinção das aldeias e na fundação das vilas. O intuito era “civilizar os selvagens” e assim fortalecer o poder de Portugal no território, possibilitando, então, maiores retornos a Coroa quanto aos impostos e efetivação do projeto colonial.
            Os índios foram vistos como “raça inferior”, cuja conseqüência ao estabelecer contato com uma “raça superior” era a aculturação, ou seja, assimilação dos aspectos socioculturais dos portugueses e o aniquilamento dos seus antigos rituais e de suas relações sociopolíticas. Vigorava na escrita histórica a etnologia das perdas dos traços originais, assim como o provável e determinado desaparecimento dos povos indígenas ainda existentes no século XIX e XX. Antropólogos e sociólogos como, Curt Nimuendajú, Estevão Pinto e Darcy Ribeiro, ratificaram as perdas culturais desses povos, bem como a sua tangível extinção.
            Entretanto, a nova história indígena propõe uma (re)análise dos papéis desempenhados pelos indígenas no processo histórico, elucidando questões sobre o comportamento dos índios frente as diferentes situações enfrentadas a partir da colonização como, a resistência oferecida não apenas pelos chamados bárbaros dos sertões, responsáveis por invasões e mortes de portugueses, mas também pelas alianças firmadas com o objetivo de adquirir vantagens frente aos inimigos e juntos aos colonizadores e por saberem de sua importância no projeto colonial. Os índios não perderam seus “traços originais”, eles se apropriaram de determinados aspectos culturais dos “brancos”, fazendo releituras e adaptando para a sua realidade.
            Os índios foram e são sujeitos da história. Eles participaram ativamente da construção do Estado brasileiro e junto aos movimentos sociais e as ONG’s reivindicaram o reconhecimento de seus direitos ao território e a livre expressão de seus aspectos socioculturais e o respeito às diferenças étnicas. Essa luta que resultou nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988, atualmente a vigente, e na demarcação de territórios por todo o Brasil. Contrariando as perspectivas dos antigos pesquisadores, o número de indígenas no país vem tendo um aumento significativo, principalmente em comparação ao restante da população, tendo o Brasil hoje 817 mil pessoas que se declaram índios.

Por: Denise Batista Lira - Licenciada em História pela UFRPE, Especialista em História das Artes e Religiões, Mestranda do Curso de História UFPE

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