9 de out. de 2012

Imigrantes Africanos sofrem preconceito no Brasil


Imigrantes africanos que vivem no Brasil decidiram colocar a cara à tapa e protestar contra as atitudes racistas que enfrentam no Brasil. Manifestantes fizeram um protesto, em junho, contra o racismo e a xenofobia em frente à Secretaria de Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. Eles denunciaram casos de assassinatos e agressões de negros e imigrantes latinos.
Entre as solicitações das entidades que participaram do protesto, o grupo requer um pedido imediato de desculpas de Dilma Rousseff ao povo africano em razão do assassinato da estudante angolana Zulmira de Souza Borges Cardoso, no bairro do Brás, em São Paulo. Eles pedem também o acompanhamento do caso pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
- Queremos justiça pela Zumira. Queremos justiça pela comunidade negra africana. Só em 2012 tivemos dez casos de racismo contra africanos em geral no Brasil -, disse Marcel Sebastião de Carvalho, representante a União dos Estudantes Angolanos em São Paulo.
De acordo com os manifestantes, Zulmira estava com amigos no Brás, bairro paulistano muito frequentado por imigrantes africanos. O agressor teria chamado os angolanos de “macacos”, entre outras ofensas racistas. Cerca de 20 minutos depois o homem voltou armado e disparou contra o grupo, ferindo três deles e matando Zulmira. A polícia ainda investiga o caso.
E os relatos não se restringem ao estado de São Paulo. Atos discriminatórios contra estudantes africanos também são acompanhados por organizações de direitos humanos em Cuiabá, Mato Grosso do Sul, e em Fortaleza, no Ceará.
Segundo relatório do Escritório de Direitos Humanos Frei Tito de Alencar, estudantes africanos, em especial guineenses, são submetidos a condições precárias de sobrevivência no Nordeste, após imigrarem iludidos por propaganda enganosa de faculdades particulares.
- A promessa de um custo de vida mais barato do que eles realmente encontram aqui faz com que os estudantes se submetam a situações ilegais para garantir a sobrevivência no país -, explicou a advogada Talita de Araújo.
Sobre as investigações, Cleyton Wenceslau Borges, advogado do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (Cdhic), avalia:
- Uma vertente [de mobilização] é a resposta na investigação dos casos de violência e assassinatos. A outra é a política migratória brasileira, que precisa urgentemente de revisão, para que, além de se pautar pelos direitos, garanta particularidades de imigrantes negros e africanos

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