11 de jul. de 2012

Grandes Cientistas e Invetores(as) Negros(as) Capítulo 01

Dr. Daniel Hale Williams, o homem que executou a primeira cirurgia aberta de coração

Cirurgião negro estadunidense nascido em Hollidaysburg, Pennsylvania, fundador do Provident Hospital in Chicago, pioneiro no treinamento de negras como internas e freiras e, como cirurgião-chefe do Freedmen's Hospital, Washington, DC (1893-1898), realizou com sucesso a primeira cirurgia aberta de coração, em Chicago (1893), no paciente James Cornish. Um dos sete filhos do barbeiro Daniel e de Sarah Ann Price Williams, foi educado na Stanton School, Annapolis, Maryland. Depois da morte do pai mudou-se para Edgerton, Wisconsin onde com uma irmã abriu uma barbearia. Para continuar seus estudos mudou-se para Janesville, Wisconsin, onde terminou a high school (1878) no Hare's Classical Academy. 

Começou a estudar medicina incentivado pelo Dr. Henry Palmer, um cirurgião local. Entrou para o Chicago Medical College (1880), onde se graduou (1883) e serviu como interno no Mercy Hospital, Chicago. Serviu como cirurgião no South Side Dispensary (1884-1892), instrutor clínico em anatomia em Northwestern e médico do Protestant Orphan Asylum (1884-1893). Foi membro do Illinois State Board of Health (1887-1891) e fundou (1891) o Provident Hospital, Chicago, o primeiro hospital-escola para comunidade negra do seu país. Casou (1898) com Alice D. Johnson e assumiu a cátedra de Professor do Meharry Medical College, Nashville, Tennessee (1899), cargo que exerceu até o ano de sua morte, e estabeleceu a primeira clínica cirúrgica, em Meharry. Também foi cirurgião do Cook County Hospital (1900-1906) e cirurgião associado do St. Luke's Hospital (1906-1931) e morreu em sua casa, em Idlewild, Mich. De fé católica, seu funeral foi realizado na St. Anselm's Roman Catholic Church, Chicago, e foi enterrado no Graceland Cemetery. 


19 de jun. de 2012

A EDUCAÇÃO DOS HERÓIS


José do Patrocínio, André Rebouças e Teodoro Sampaio provaram que estudar é um dos principais caminhos para a igualdade racial


José do Patrocínio, André Rebouças e Teodoro Sampaio. Esses nomes estão nas placas de ruas em muitas cidades brasileiras - mas pouca gente que passa por esses endereços faz idéia de que se trata de heróis negros. Os dois primeiros, entre várias outras conquistas, foram peças-chave na queda da escravidão. O terceiro foi um dos maiores engenheiros da história do país, além de geógrafo, historiador e político. A história da vida dos três prova que a educação é o caminho mais eficiente e rápido para a igualdade.



Capítulo 03: André Rebouças (1838-1898)
ILUSTRAÇÕES: ÉLCIO TORRESUm dos mais ativos militantes do movimento abolicionista brasileiro, além de um dos fundadores da Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, André Pinto Rebouças nasceu na Bahia, em 1838, filho de um proeminente advogado, deputado e conselheiro de Pedro I. Seu pai era filho de uma escrava alforriada com um alfaiate português, e sua mãe era filha de um comerciante. Formou-se em engenharia pela Escola Central do Exército em 1860, no Rio. Na Europa, especializou-se em fundações e obras portuárias e foi uma das maiores autoridades brasileiras em engenharia ferroviária e hidráulica, tendo sido o criador das empresas Docas do Rio de Janeiro. Com seu irmão Antônio Rebouças, também engenheiro, foi o autor do projeto da estrada de ferro Antonina-Curitiba, que serviu de base para a difícil obra do trecho serrano da ferrovia Paranaguá-Curitiba, e também dos projetos da ponte de ferro sobre o rio Piracicaba e da avenida Beira-Mar, no Rio de Janeiro. O irmão caçula, José Rebouças, trabalhou na implantação das linhas ferroviárias que hoje ligam o interior paulista. Entre 1889 e 1891, Rebouças morou em Lisboa, trabalhando como correspondente do jornal The Times, de Londres. Em 1892, financeiramente arruinado, aceitou um emprego em Luanda, Angola. Em 1893, fixou-se na Ilha da Madeira, onde morreu no dia 9 de maio de 1898.




Para saber mais
• Costa, Luiz Augusto Maia. O ideário urbano paulista na virada do século - o engenheiro Teodoro Sampaio. SP, Ed. Rima, 2003.
• Telles, Pedro C da Silva. História da engenharia no Brasil. RJ: Clube de Engenharia, 2 vols
• Oliveira, Eduardo (org). Quem é quem na negritude brasileira. SP, Congresso Nacional, 1998.


A EDUCAÇÃO DOS HERÓIS


José do Patrocínio, André Rebouças e Teodoro Sampaio provaram que estudar é um dos principais caminhos para a igualdade racial


José do Patrocínio, André Rebouças e Teodoro Sampaio. Esses nomes estão nas placas de ruas em muitas cidades brasileiras - mas pouca gente que passa por esses endereços faz idéia de que se trata de heróis negros. Os dois primeiros, entre várias outras conquistas, foram peças-chave na queda da escravidão. O terceiro foi um dos maiores engenheiros da história do país, além de geógrafo, historiador e político. A história da vida dos três prova que a educação é o caminho mais eficiente e rápido para a igualdade.


Capítulo 02: Teodoro Sampaio (1855-1937)
ILUSTRAÇÕES: ÉLCIO TORRES
Teodoro Sampaio nasceu em 1855 na cidade de Santo Amaro, na Bahia. Filho de uma escrava do engenho Canabrava e, supostamente, do sacerdote Manoel Fernandes Sampaio, que o alforriou no batismo. Aos 2 anos de idade foi entregue a uma senhora da sociedade, Inês Leopodina, que o criou até os 9 anos. Um ano depois foi levado para o Rio de Janeiro pelo padre, que o internou no colégio São Salvador. Era tão brilhante que se tornou professor de lá em várias matérias. Logo depois de formado pela Escola Politécnica, em 1877, voltou à Bahia e negociou a alforria de sua mãe e dos irmãos, que ainda eram escravos. Foi um dos homens públicos de maior importância nos debates e projetos urbanísticos do país no final do século 19 e início do 20. Participou de obras de grande importância em várias regiões do país. Em 1927, entrou para a política elegendo-se deputado federal. Um dos maiores engenheiros do país, além de geógrafo e historiador, Teodoro foi o primeiro a mapear a região da Chapada Diamantina e fez uma extensa expedição pelo rio São Francisco. Suas anotações ajudaram Euclides da Cunha a escrever Os Sertões, assim como seus próprios livros. Escreveu três: O Tupy na Geografia Nacional, de 1901, O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina, de 1905, e História da Fundação da Cidade da Bahia, publicado em 1949, após sua morte, em 15 de outubro de 1937, no Rio.


Para saber mais
• Moura, Clóvis. História do Negro Brasileiro .São Paulo Editora Ática.1992
• Oliveira, Eduardo (org). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo, Congresso nacional, 1998.
• Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo, Selo Negro, 2004.

A EDUCAÇÃO DOS HERÓIS

José do Patrocínio, André Rebouças e Teodoro Sampaio provaram que estudar é um dos principais caminhos para a igualdade racial


José do Patrocínio, André Rebouças e Teodoro Sampaio. Esses nomes estão nas placas de ruas em muitas cidades brasileiras - mas pouca gente que passa por esses endereços faz idéia de que se trata de heróis negros. Os dois primeiros, entre várias outras conquistas, foram peças-chave na queda da escravidão. O terceiro foi um dos maiores engenheiros da história do país, além de geógrafo, historiador e político. A história da vida dos três prova que a educação é o caminho mais eficiente e rápido para a igualdade.



Capítulo 01: José do Patrocínio (1853-1905)
ILUSTRAÇÕES: ÉLCIO TORRESJosé Carlos do Patrocínio nasceu em Campos, no estado do Rio de Janeiro, em 9 de outubro de 1853. Era filho natural do padre João Carlos Monteiro, orador sacro de grande fama na capela imperial, membro da maçonaria, vereador e deputado de sua cidade. Sua mãe era Justina Maria do Espírito Santo, uma dos 92 escravos do padre João Carlos. Aos 14 anos, depois de passar pela educação primária, foi para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como servente de pedreiro na Santa Casa de Misericórdia para pagar o próprio estudo. Formou-se em Farmácia. Mas sua verdadeira vocação estava no jornalismo. Em 1875 começou a escrever no jornal satírico Os Ferrões e trabalhou nas publicações mais importantes do país. Em 1881, com dinheiro emprestado de seu sogro, comprou o jornal Gazeta da Tarde, começando nele a batalha do abolicionismo. Em maio de 1883, fundou a Confederação Abolicionista e redigiu seu manifesto, assinado também por André Rebouças e Aristides Lobo. Por intermédio da Confederação, promovia debates públicos sobre o fim da escravidão, além de apoiar fugas de escravos. Casou-se com Maria Henriqueta de Sena, companheira de toda a vida. Teve um filho, também jornalista, José Carlos Patrocínio Filho. Zeca, como era conhecido, escreveu o primeiro roteiro de cinema do Brasil. José do Patrocínio morreu de tuberculose no dia 30 de janeiro de 1905, aos 51 anos de idade.

Para saber mais
• Carvalho, Maria Alice Rezende de. O quinto século: André Rebouças e a construção do Brasil, Revan, 1998.
• Oliveira, Eduardo (org). Quem é quem na negritude brasileira. São Paulo, Congresso nacional, 1998.
• Lopes, Nei. Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana. São Paulo, Selo Negro, 2004.

Retirado do site: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/97/artigo16405-1.asp


21 de mai. de 2012

Os índios no currículo escolar: as exigências e desafios da Lei 11.645/2008


Conta-se que quando Claude Levi-Strauss se preparava para vir ao Brasil onde colaboraria na fundação da USP no início da década de 1930, ele teria procurado o então Embaixador do Brasil na França. Ao buscar informações sobre os índios, ouviu da autoridade diplomática brasileira, que não mais existiam, teriam todos sido dizimados com a colonização. Se Levi-Strauss tivesse acreditado no Embaixador, a Antropologia e as Ciências Humanas e Sociais não herdariam a sua vastíssima obra sobre os povos nativos, a significativa contribuição do reconhecidíssmo como um dos maiores ou senão o maior antropólogo contemporâneo.
Onde estão os índios?! As dúvidas ou as respostas negativas a essa pergunta ainda é ouvida da imensa maioria da população, e até mesmo de pessoas mais esclarecidas. O pouco conhecimento generalizado sobre os povos indígenas está associado basicamente à imagem do índio que é tradicionalmente veiculada pela mídia: um índio genérico, com um biótipo formado por características correspondentes aos indivíduos de povos habitantes na Região Amazônica e no Xingu, com cabelos lisos, pinturas corporais e abundantes adereços de penas, nus, moradores das florestas, de culturas exóticas, etc.
Ou também são chamados de “tribos” a partir da perspectiva etnocêntrica e evolucionista de uma suposta hierarquia de raças, onde os índios ocupariam obviamente o último degrau. Ou ainda imortalizados pela literatura romântica produzida no Século XIX, como nos livros de José de Alencar, onde são apresentados índios belos e ingênuos, ou valentes guerreiros e ameaçadores canibais, ou seja, bárbaros, bons selvagens ou heróis.
Mas, essas visões sobre os índios vêm mudando nos últimos anos. E essa mudança ocorre em razão da visibilidade política conquistada pelos próprios índios. As mobilizações dos povos indígenas em torno das discussões e debates para a elaboração da Constituição em vigor aprovada em 1988 e as conquistas dos direitos indígenas fixados na Lei maior do país, possibilitaram a garantia dos direitos (demarcação das terras, saúde e educação diferenciadas e específicas, etc.), e que a sociedade em geral (re)descobrisse os índios.
Além disso, a nossa sociedade, ainda como resultado da organização e mobilizações dos movimentos sociais, se descobre plural, repensa seu desenho: o Brasil não tem uma identidade nacional única! Somos um país de muitos rostos, expressões culturais, étnicas, religiosas... As minorias (maiorias), sejam mulheres, ciganos, pessoas negras, idosas, crianças, portadoras de necessidades especiais reivindicam o reconhecimento e o respeito de seus direitos! Um exemplo muito simples disso: é obrigatório em todos os prédios públicos rampas de acesso para pessoas deficientes. E antes não existia essa necessidade?! Sim, existia. Mas que hoje a sociedade reconhece esse direito.
Os índios então conquistam o (re)conhecimento do respeito a seus direitos específicos e diferenciados, a partir dessa ótica: um país, a sociedade que se repensa, se vê em sua multiplicidade, pluralidade e diversidades culturais, expressada também pelos povos indígenas em diferentes contextos sóciohistoricas. Embora esse reconhecimento exija também nos posturas e medidas das autoridades governamentais em ouvir dos diferentes sujeitos sociais a necessidade de novas políticas públicas que reconheça, respeite e garanta essas diferenças.
Como por exemplo, na Educação, a formulação de políticas educacionais inclusivas das histórias e expressões culturais no currículo escolar, nas práticas pedagógicas. Essa exigência deve ser atendida, com a contribuição de especialistas, a participação e envolvimentos plenos dos próprios sujeitos sociais na formação de futuros/as docentes, na formação continuada daqueles/as que atuam e fundamentalmente na produção de subsídios didáticos em todos os níveis. Seja nas universidades, nas secretarias estaduais e municipais. Só a partir disso é que deixaremos de tratar as diferenças socioculturais como estranhas, exóticas e folclóricas. (Re)conhecendo em definitivo os índios como povos indígenas, em seus direitos de expressões próprias que podem contribuir decisivamente para a nossa sociedade, para todos nós.
As mobilizações indígenas: novos olhares, pesquisas e reflexões
Os povos indígenas conquistaram nas últimas décadas considerável visibilidade enquanto atores sociais em nosso país. Mas, por outro lado, é facilmente contestável o desconhecimento, os preconceitos, os equívocos e as desinformações generalizadas sobre os índios, inclusive entre os educadores. Essas duas situações aqui relatadas ilustram muito bem como os preconceitos sobre os índios são expressos cotidianamente pelas pessoas. E o mais grave: independe do lugar social e político que ocupem! O que dizer então do universo das pessoas pouco letradas, do senso comum da população em nosso país?
Sem dúvidas é no âmbito da escola/educação formal, em seus vários níveis hierárquicos, que se pode constatar a ignorância que resulta as distorções a respeito dos índios. A Lei nº. 11.645/08 de março/2008 que tornou obrigatório o ensino sobre a história e culturas indígenas nos currículos escolares no Brasil, ainda que careça de maiores definições, objetivou a superação dessa lacuna na formação escolar. Contribuindo para o reconhecimento e a inclusão das diferenças étnicas dos povos indígenas, para se repensar em um novo desenho do Brasil em sua diversidade e da pluralidade culturais.
Os desafios para implementação da Lei nº. 11.645/08
Para a implementação da Lei nº. 11.645/08, é preciso ter claro os diferentes níveis de responsabilidades, bem como os desafios para sua real efetivação. No âmbito federal o MEC tem uma tarefa extremamente importante: apoiar a produção de subsídios didáticos destinados aos/as educadores/as nas escolas públicas a níveis estaduais e muncipais, de acordo com as realidades distintas no país.
Ao Minstério Público Federal e nos Estados, cabe fiscalizar a execução da implementação da Lei nas redes públicas e privadas de ensino, inclusive nas faculdades, universidades e instituições congêneres que atuam na formação de professres/as.
No nível das universidades públicas e privadas se faz necessário à inclusão de cadeiras sobre a temática indígenas no âmbito das Ciências Humanas e Sociais, bem como nos demais campos do conhecimento acadêmico incluir a discussão dos saberes indígenas. A exemplo da área da Matemática, onde podem ser discutidos os saberes matemáticos de povos culturalmente distintos do pensamento hegemônico ocidental.
Caberá as secretarias estaduais e municipais de educação disponibilizar, favorecer o acesso aos subsídios produzidos pelo MEC, e ainda também produzirem materiais didáticos enfocando as realidades locais dos povos indígenas. É de fundamental importância ainda capacitar os quadros técnicos dessas instâncias governamentais, no âmbito do combate aos racismos institucionais.
Ainda nas esferas governamentais locais se faz necessário, com a participação dos índiígenas, de especialistas reconhecidos/as, a promoção de seminários, encontros de estudos, etc. sobre a temática indígena para professores/as e demais trabalhadores/as na educação.
Algumas propostas e sugestões
As universidades em suas instâncias competentes devem acompanhar e fiscalizar a implementação da Lei nº. 11.645/08 no âmbito dos currículos dos cursos de licenciatura oferecidos em seus campi. O que significará a inclusão de cadeiras obrigatórias que tratem especificamente da temática indígena, em cursos das áreas das Ciências Humanas e Sociais.
As universidades devem estimular, apoiar e ainda viabilizar os meios necessários para a participação efetiva do professorado, alunos/as e técnicos em eventos acadêmicos que tratem da temática indígena.
Por meio de convênios com o MEC e as secretarias estaduais e municipais, as universidades podem produzir materiais didáticos que tratem da temática indígena a serem disponibilizados para o ensino público.
As secretarias estaduais e municipais devem incluir a temática indígena nos estudos capacitações periódicas e formação continuada, a ser abordada na perspectiva da pluralidade cultural historicamente existente no Brasil e na sociedade em que vivemos: por meio de cursos, seminários, encontros de estudos específicos e interdisciplinares destinados ao professorado e demais trabalhadores/as em educação, com a participação de indígenas e assessoria de especialistas reconhecidos. Assim como a adquirir livros que tratem da temática indígena destinados as bibliotecas escolares.
Essas secretarias podem favorecer o estimulo às pesquisas, bem como estimular interessados/as em cursos de aprofundamento em nível de pós-graduação.
No nível das citadas secretarias ainda, devem ser promovidos estudos específicos para que o professorado na área das Ciências Humanas e Suas Tecnologias possam conhecer os povos indígenas no Brasil, possibilitando uma melhor abordagem ao tratar da temática indígena em sala de aula, particularmente nos municípios onde atualmente habitam povos indígenas.
Intensificar a produção, com assessoria de pesquisadores/as especialistas, de vídeos, cartilhas, subsídios didáticos sobre os povos indígenas para serem utilizados em sala de aula. Proporcionar o acesso a publicações: livros, periódicos, etc., como fonte de informação e pesquisa sobre os povos indígenas.
Promover momentos de intercâmbios entre os povos indígenas e os estudantes durante o calendário letivo, através de visitas previamente preparadas do alunado às aldeias, bem como de indígenas às escolas. IMPORTANTE: ação a ser desenvolvida principalmente nos municípios onde atualmente moram os povos indígenas, como forma de buscar a superação dos preconceitos e as discriminações.
Discutir e propor o apoio aos povos indígenas, através do estímulo ao alunado, com a realização de abaixo-assinados, cartas às autoridades com denúncias e exigências de providências para as violências contra os povos indígenas, assassinatos de suas lideranças, etc. Estimulando assim através de manifestações coletivas na sala de aula, o apoio às campanhas de demarcação das terras e garantia dos direitos dos povos indígenas.
Enfim, promover sejam nos espaços das universidades, das escolas ou nos demais espaços institucionais, ações pautadas na perspectiva da compreensão diversidade sociocultural e dos direitos dos povos indígenas, bem como do reconhecimento de que o Brasil é um país pluricultural e pluriétnico.

por Edson Hely Silva, prof.º Dr. CAp/UFPE           

17 de mai. de 2012

Ministério Público Investiga Racismo em Clipe de Alexandre Pires


O clipe mostra imagens de homens vestidos de macacos.

Denúncia partiu da Secretaria Nacional de Promoção de Igualdade Racial.

Augusto MedeirosUberlândia, MG
O clip King Kong, do cantor mineiro Alexandre Pires conta com a participação do jogador Neymar e do cantor Mister Catra. No vídeo, homens vestidos de macaco invadem uma área de lazer cheia de mulheres. No final, Neymar e o próprio Alexandre aparecem fantasiados.
Para a Secretaria Nacional de Promoção de Igualdade Racial, o clip usa clichês e estereótipos contra a população negra. Segundo a denúncia, isso contribui para a permanência histórica do racismo e de práticas de inferiorizarão dessa população. A secretaria também acusa o vídeo de sexismo, porque reforça estereótipos equivocados da mulher como símbolo sexual.
O cantor prestou depoimento no Ministério Público Federal, em Uberlândia, no último dia três sobre o caso. "Eu ouvi apenas um lado da história, que é apenas o autor da música, então agora o Ministério Público Federal vai colher mais informações pra poder chegar a alguma conclusão", declara Frederico Pellucci, procurador da República.O cantor Alexandre Pires, estaria em uma chácara, próxima a Uberlândia. Em nota, ele diz que está chocado com qualquer leitura racista do clipe, já que ele é negro e tem orgulho da sua cor.
Texto retirado do site: 
www.g1.globo.com/jornal-hoje 
Edição do dia 09/05/2012

14 de mai. de 2012

O Ensino da Cultura Africana e Afro-brasileira

Por Antônio Gomes da Costa Neto


     Trata-se de texto que pretende demonstrar a responsabilidade objetiva do Estado e dos Gestores Públicos em relação a Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Básica, em especial, com a instituição do Comitê Gestor da Política Nacional de Formação Inicial e Continuada pelo Ministério da Educação em 2011. O Ensino da Cultura Africana e Afro-brasileira como um direito público subjetivo é recente em nosso ordenamento jurídico no campo da educação, inicialmente, na Constituição de 1988, posteriormente, na Lei de Bases e Diretrizes da Educação Nacional (LDB) em 2003, e finalmente, com a edição do Estatuto da Igualdade Racial em 2010.



     Por sua vez, a Formação Inicial e Continuada dos profissionais atuantes da Educação Básica apesar do disposto na Constituição Federal e nos Planos Nacionais de Educação, em relação à temática das relações étnico-raciais, somente ocorreu por força de Decreto Presidencial em 2009, constituindo-se, assim, em metas e objetivos com a necessidade de previsão e dotação orçamentária individualizada. Em como essa situação se operacionaliza, o Ministério da Educação (MEC), através de sua Secretaria Executiva se constitui como gestor do Comitê da Política Nacional de Formação Inicial e Continuada, conforme se extrai da Portaria do Ministro da Educação publicada no Diário Oficial da União em agosto de 2011, além da participação dos demais órgãos integrantes da estrutura do sistema de formação da Educação Básica (SEB, SECADI, SESU, SETEC, SASE, CAPES e FNDE). Para tanto, se faz necessário que os Fóruns Estaduais Permanente de Apoio a Formação Docente como responsáveis pela análise da demanda e organizações da oferta dos cursos nos Estados manifestem-se pelo interesse dos cursos, caso contrário, caberá ao Comitê Gestor essa atribuição pelos Estados. Com as informações colhidas dos Fóruns Estaduais ou do próprio Comitê, o MEC, através da SECADI, dotará com base no custo/aluno por curso o montante necessário de recursos orçamentários a ser alocado para implementação da Política Pública para Educação das Relações Étnico-Raciais. Por sua vez, as Universidades Públicas, através do competente convênio e disponibilização orçamentária promoverá o respectivo curso de formação aos Educadores atuantes da Educação Básica. Ocorre, que pela primeira vez, o MEC disciplinou através de Portaria do Ministro da Educação a obrigatoriedade da inclusão orçamentária para atender o ensino da educação das relações étnico-raciais, após a manifestação dos Estados ou por sua própria iniciativa. Ou seja, apesar da obrigatoriedade da lei, compete aos órgãos encarregados disciplinarem de forma programática a necessidade da inclusão com previsão orçamentária dentro dos Planos Anuais e Plurianuais a partir das informações recebidas pelos Estados da Federação. Se por um lado a lei determinava, faltava a indicação de quais gestores públicos seriam responsáveis pela inclusão e previsão dentro do orçamento cujo objetivo de promover a devida capacitação profissional.

     Nesse contexto, com a Portaria do Ministro da Educação, não há mais dúvida sobre a obrigatoriedade de inclusão no orçamento público dos cursos de formação para as relações étnico-raciais de forma discriminada, demonstrando, explicitamente, que sua oferta irregular ou mesmo a inércia por parte dos gestores não poderá ser mais motivo de recusa do seu cumprimento. Nesse sentido, compete à Administração Pública, como no caso concreto, a responsabilidade objetiva pela disponibilização de recursos financeiros para fomentar o treinamento dos Educadores, e por via de consequência do dispositivo aludido os Gestores Públicos sujeitar-se-ão a Lei de Responsabilidade, Lei de Improbidade Administrativa e as normas Gerais do Direito Público Financeiro, quer por ato omissivo ou comissivo. Assim, com a edição da Portaria pelo MEC ter-se-á um instrumento no campo da Administração Pública que ao definir os atores/gestores responsáveis pelo cumprimento do disposto em Lei, e de igual forma, aos Estados e seus Gestores que passaram a ter responsabilidade concorrente caso não cumprida a Política Pública de Estado Antirracista na esfera da Educação Pública. Vale acentuar que o mesmo tratamento orçamentário igualitário pelo referido Comitê destinar-se-á recursos para as questões de gênero, diversidade nas escolas, educação ambiental, educação para os direitos humanos, deficiência física, educação e ambiente escolar, além de diversos outros temas, conforme se extrai da prestação de Contas da Presidência da República referente ao exercício de 2010 divulgado pela Controladoria Geral da União em seu portal.


O título original do artigo é "O Ensino da Cultura Africana e Afro-brasileira: a Política Nacional de Formação Inicial e Continuada dos Profissionais da Educação Básica".